domingo, 19 de abril de 2015

O ser e a arte

Se a vida está em preto e branco
a arte lhe colore
Um cinza pálido pode virar um cinza vivo e franco
ou mesmo uma cor desconhecida que se enamore
de uma gota de orvalho,
de um refugiado espantalho
ou de um graffite que no muro more.

Como se falou na cor desconhecida enamorada
Ela passou a existir, com seus 3 amantes
Mas quem ela escolheu para juntar a sua alma
Foi a arte que fez do muro sua morada
de pão alado em seu semblante
De sereia Yara com sua aura
De arte avante!

A cor desconhecida enamorada
Quis deixar de ser um mero ser de cor
Para ser arte, ser amor,
Ser algo maior que a transcendesse, e que arde
Nos olhos de quem passa era sua escolha de liberdade
Paradoxal. Ser cor desconhecida e ser arte!

O pincel da arte
Transforma o efêmero em eterno
O banal em contemplativo
A amante imaginária em Scheherezade
O frio no inverno
de Vivaldi
E pequenas decepções em livros
Imunes ao passar do tempo
Em si próprios, um templo.

O artista e a arte
A arte e o artista
Será que por algum momento
O músico é a música que cria?
Ou o pintor, a expressão que sorria?
Ou o poeta, a rima que chora?
Ou o escritor, o parágrafo que implora?
Ou o cineasta, a cena que sufoca?

Como distinguir a bailarina da sua dança?
Ou mesmo a garota de sua arte de sonhar com esperança
Ou mesmo o jovem que enquanto
Admira uma pintura, o faz de tal forma
Que os sentires de encanto
Permitem que ele a viva e sinta com gosto de amora
A brisa das pinceladas de outrora

Se em nossa humanidade
Apenas temos a arte
Em toda a sua diversidade
Para transcender a vida
Então aonde se é
E aonde se é arte?

A artista faz sua arte
Respira sua arte
Vive sua arte
Até se tornar sua arte
E então voa
Para além de qualquer conceito humano
verbalizável,  para além de sua substância
Inefável.
Ela não deixará que limitem suas asas
Em nenhum plano
E com gosto de infância
Ela abraça a cor desconhecida
Que se tornou a expressão eterna da vida
Que todos carregam porque assim
Foi que a metáfora quis.