segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Perder-se

Ela perdeu-se
no passar dos dias
desvaneceu-se
nas inefáveis vias
da vida, construídas
de sentimento
e fragilidade
e também fundidas
de tormento,
amabilidade
e devaneios
a atravessar
as entranhas
do ser, meios
de se darem o ar.
O transcender.
O atravessar o mar
das coisas abstratas
tão inefáveis, invisíveis
mas tão sentíveis, aladas
no céu do que apenas
pode ser sentido sem
nunca encontrar as penas
da compreensão, nem
as da explicação, sem
ao menos uma palavra
formal para as tornar
humanas ou um nada...

Apenas as respirar
contemplando
os sentires do aqui
então vestindo
o escafandro
do abstrato em si
nas linhas escritas
pelas vidas, lidas
pelo seu coração...


Emoção sem razão
ou razão que não
precisa de razão.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Para onde as borboletas vão a noite?


As borboletas à noite saem
em busca da luz apagada
Muitas vezes se distraem
nas ilusões das luzes fabricadas
Ilusões em que acreditam tanto
Religião... mesmo que a elas
traga a dor ou a morte
dependendo da sorte
mas no fundo, no entanto
o que buscam elas
não é a luz visível
luz materializada
buscam o incompreensível
a razão à vida a elas dada.
O inefável do ser.
O amável do viver.
Boa noite borboletas
eis o penúltimo compasso
de suas cançonetas
a busca do desconhecido algo.

Amor... viver
Transcender

domingo, 18 de setembro de 2011

Reflexões sobre a faca e o queijo

Thayná Omena:
e, "da mesma forma que uma faca de queijo é uma faca e não, um queijo".

Lary:
A faca olha para o queijo como um humano olha para o desconhecido. A faca o olha sem saber sua composição, sem saber ao menos o que seja um queijo. Olha para todo o existir acumulado naquela coisa amarela. E o não-entendível possui a mente da faca de tal forma que ela não pode mais viver se não for seguir sua busca pelo desconhecido. Então, como ato de despero final, a faca corta o queijo na tentativa de o conhecer, mas mesmo que ela tenha cortado o corpo e o coração do queijo ela continua a não entendê-lo. Então a faca depois de corta-lo e ficar sozinha relegada a sua existencia continua apenas a ser mais um ser que tocou mas não conseguiu beijar o não entendível.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Tempo

Vejo o tempo passar tão rápido.
Incontrolável. Vivo e morto.
Real e irreal. Assopro
de agonias em corações cálidos.

O tempo é uma ilusão.
O tempo não existe.
Ou ele existe e nós não.
Ou ele existe porque lhe demos vida
e nossa estrada é sua comida.

Tempo
Nos dá nossa inerente efemeridade
Nos dá a existência de nossa idade
Vento
do desenvolver e morte de nosso ser
da eterna lacuna de nosso conhecer

O tempo é o compasso da partitura
da melodia de nossa vida terrestre.
Uma canção incrivelmente curta
que de fragilidade humana se veste.

Oh! Tempo, porque és tão lento
quando desejo que sejas rápido
E és tão rápido
quando desejo que sejas lento?

Você é a metáfora dos homens
para os paradoxalismos de nosso ser?
Você é a ironia dos que dormem
para as contradições de nosso viver?
Ou é apenas o sono dos inexistentes
que o usam para uma ilusão beber?
E quando vossa bebida não mais se sente
se sabe que está no mais excelso viver?

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Grito silencioso

Ele não tinha lembranças
de sentir raiva maior em toda sua vida
Era uma irascível e chamuscante lança
que fazia seu coração ser sentido como se fosse uma ferida

Aquela raiva profunda
no poço do sentir se afunda
enquanto extrapola os limites do mesmo
Oh! Dilacerante arpejo

Raiva
O fazia brandar infâmias ao vento
Raiva
O fazia brandar desejos de morte alheia sem lamentos
Raiva
Palavrões e frases maldosas eram a forma exprimida dos tormentos
Raiva
O fazia sentir vontade de bater em tudo que ao seu redor existia sem movimento

Aquilo tudo para a raiva virar sumiço
mas ela não ia
ele queria libertar-se dela na forma de um sonoro grito
mas ele sabia que não podia
fazer isso

Pois morava em um apartamento
Oh! prisão moderna de expressões sonoras intensas dos tormentos
a noite
Açoite
do interior que quer se exteriorizar
no amâgo do coração que está a se deteriorar

Só restava soltar um grito silencioso
não ouvível mas enormemente suntuoso
Fechou os olhos e o soltou
Na forma de uma poesia sem palavras ele se exteriorizou

Quando o Céu Chorou

Azul
Azul marinho
Tão cheio de si mesmo, sozinho
Em sua imensidão infinita
Tão cheio, tão vazio... Vida?

Estrelas
Estrelas tristes
Estrelas alegres
Outras, sentimentos indizíveis
Ou... de vários elas se vestem?
Brilham, dançam,
encantam, cantam
sem saber... São tão amadas
Mas, iluminadas
Um dia todos os sentimentos
uniram-se... Junção
de paradoxos portentos
sacramentada pelos planetas que cantavam a estrelar canção
As estrelas dançaram
giraram e tocaram
Toda forma existente do sentir
Não tinha como previr
que com tanto sentir
se chegasse a um novo sentimento
o sentimento de todas as coisas
alegrias, ciúmes, alívios, tormentos...
Como se pudesse ser verbalizado
o sentimento, noiva
de toda a parte sentimental dos existires
Amado
Odiado
Até que Vires
a junção das fragilidades inomináveis
das paixões inalcançáveis
dos não-mundos alcançáveis

Oh! As estrelas
conseguiram chegar ao não-existir
Voltaram ao existir
Viveram o acima do pensar
Moraram aonde não se pode estar
Compreenderam o incompreensível
Habitaram o universo de outra dimensão
Foram tomadas pelo concupiscível
Quiseram arrancar o coração
Chegaram ao viver
à razão e à verdade dos sonhos

Mas teve um preço enfadonho
de tanto o beber
as estrelas não aguentaram mais
dores, alegrias... mais...tais...
Tal sentimento em sua plenitude
fortifica degenerando a racional saúde

E, de não poder mais aguentar
as estrelas naquele estado
O céu começou a chorar
Expelindo o fardo

As estrelas caíram nos planetas... Fallen stars!
invisíveis, a brilhar
Deram a cada um
e a cada mundo
que as suspirou, até a moon

Leve ou fundo
deu o acima do raciocinar
o sentir complexo das coisas simples
o inextricável do amar
e a extirpação de todas as lindes
Fez chegar ao celestial
e ao final
cada um chorou
assim como o céu, "aquilo"

Sem perceber, cada um cantou
com o viso
do insustentável
uma melodia inefável
e pensaram que era tudo apenas
um sonho que luziu
sem saber que os ventos da vida trazem e levam penas
de uma constelação de sentires que não se sabe se existiu

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Metamorfose Vital

Sentimentos estranhos invadem
meu coração juvenil 
Em mais uma mudança de fase... fases
a passar... tempo as vezes vil
Adeus a uma que acabou
Olá a uma que irá começar
Quem sabe se eu sou ou estou
se ainda não aprendi a voar?