segunda-feira, 15 de abril de 2019

A história em chamas

A vida é breve,
mas a arte eternece:
porém, o que dizer quando, por descuido ou fatalidade,
é interrompida a eternidade?
Consumida em lumaréus,
será que as histórias incendiadas irão para os céus?

Será que existem palavras tristes o bastante,
para expressar, com o coração palpitante,
o luto dos séculos que viviam em forma de arte,
que perderam seus baluartes?

Quantas vidas, sonhos, revoluções,
culturas, histórias e corações
também são incinerados
com cada arte que deixa de existir?

Lembro do Museu Nacional mesmo sem elixir
memorial e dos acervos abrigados,
em chamas que representam o meu Brasil:
a Declaração de independência está incinerada
e a cultura  está em chamas como nunca se viu,
ao lado da saúde e educação, com suas veredas em labaredas.

De novo dói meu coração ao assistir
a Catedral de Notre-Dame em Paris
sendo vítima de um incêndio!
Não a conheci em materialidade,
desabrochada em fleur-de-lis
de belo compêndio arquitetônico
e semblante icônico. 
Apenas conheci a Catedral em espírito
através de Victor Hugo
que me murmurou
por meio de sua prosa em rito
de respeito às poesias dos monumentos
em sua odisseia pelo passar dos tempos. 

Parece que as vezes os tempos são cruéis,
e nem às artes são fiés:
Um terrível crime contra a eternidade
em toda sua conjutura!
Com cada bem cultural que perece
toda a humanidade
perde uma parte de sua cultura
(com a respectiva deidade)
e talvez até uma parte de sua alma!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

As melancolias e a poesia de vida

Hoje mais uma tragédia
Deixa todos tristes
A mídia (grande, pequena e média)
notícia a tristeza em riste
e a população impactada
pelas lágrimas dos últimos dias
teme a próxima lufada
enquanto tenta abraçar
o que resta de esperança

Assim, um pouco como as crianças
que sonham o horizonte ao olhar
para a imensidão da terra e do mar

Os contos infantis ensinam
que há monstros e perigo na esquina
mas também há fadas azuis que fascinam
com a bondade de boa menina.
Mães, professores, cachorros e bombeiros
viram heróis dos contos de realidade nua
ao passo que os monstros costumam ter muito dinheiro
e tratam as questões das vidas alheias
com a negligência crua
dos que poucos se importam com o próximo, mancheias.

Grana acima de tudo,
lucro acima de todos.
Cada dia tem tido um novo luto
Cuidado com os engodos!

Resta aos sobreviventes segurarem as mãos
e formarem uma corrente de resistência
pelas dores de ontem e talvez de alguns amanhãs
Afinal, os tempos sombrios são cheios de terrores e nãos
Contudo, quem sabe as esperanças
(Rezemos que não sejam vãs!) 
e cada ato de humanidade seja por si só de beleza
(mesmo com singeleza)
bastante para escrever com palavras de acontecimentos
uma bela poesia de vida
que como novas flores que furam o asfalto
vençam a ganância, a maldade e a ira!