Ângela viu uma memória a despedaçar
correu rapidamente para com fios 
de sentimentos a costurar 
Ângela não percebeu que as linhas
de seu ser tinham se transformado em fios 
e que ela se tornava essa memória 
e tudo o que ela tinha 
deixava de ter importância 
pois sendo memória, sendo lembrança
ela não precisava de comida,
dinheiro ou bebida 
precisava apenas da vida 
do sentimento petrificado 
do acreditar ali congelado 
e de toda aquela sensação inefável 
abraçada, sentida, vivida... algo afável 
finalmente... sem necessidade de compressão 
ou da interferência das razões humanas
impostas, apenas precisando das chamas 
do momento 
e se perder numa lembrança de sentimento
