segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Deshumanimemoração


Ângela viu uma memória a despedaçar
correu rapidamente para com fios
de sentimentos a costurar
Ângela não percebeu que as linhas
de seu ser tinham se transformado em fios
e que ela se tornava essa memória
e tudo o que ela tinha
deixava de ter importância
pois sendo memória, sendo lembrança
ela não precisava de comida,
dinheiro ou bebida
precisava apenas da vida
do sentimento petrificado 
do acreditar ali congelado
e de toda aquela sensação inefável
abraçada, sentida, vivida... algo afável
finalmente... sem necessidade de compressão
ou da interferência das razões humanas
impostas, apenas precisando das chamas
do momento
e se perder numa lembrança de sentimento

4 comentários:

  1. Somos apenas uma colcha de retalhos de lembranças?

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    1. Depende, talvez parte de nossa alma, de nosso ser seja. Mas não diria só de lembranças, mas de sentimentos (as vezes se perde as lembranças mas não o sentimento), de pensamentos e de algo de inefável que minha condição humana não me deixa verbalizar. Algo que tem a ver com a essencia, eu digo que somos uma argila moldada pelas mãos do tempo. Algo que além de tudo que vivemos tem a ver com o nosso ser, a nossa essencia, algo que nascemos com. Em parte somos também a expressão de nosso ser. Como a arte para um artista, a arte do ensinamento para o professor, a arte de curtir a vida de um bon vivant, etc. O nosso ser vem de nós e dos nossos sentidos e de algo mais... eu diria isso...

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    2. Em relação a poesia, ela fala de uma garota que por um momento deixou de ser para ser uma memória. Não da minha concepção de ser em sua completitude.

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  2. Eu gostei! Tem aquela angústia pela efemeridade das coisas que é tão cara à poesia de todos os tempos e tem esse lance bem "prosa poética" ou "proesia" ou "poema narrativo" que é sempre um texto muito fértil.

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