quarta-feira, 13 de julho de 2011

Grito silencioso

Ele não tinha lembranças
de sentir raiva maior em toda sua vida
Era uma irascível e chamuscante lança
que fazia seu coração ser sentido como se fosse uma ferida

Aquela raiva profunda
no poço do sentir se afunda
enquanto extrapola os limites do mesmo
Oh! Dilacerante arpejo

Raiva
O fazia brandar infâmias ao vento
Raiva
O fazia brandar desejos de morte alheia sem lamentos
Raiva
Palavrões e frases maldosas eram a forma exprimida dos tormentos
Raiva
O fazia sentir vontade de bater em tudo que ao seu redor existia sem movimento

Aquilo tudo para a raiva virar sumiço
mas ela não ia
ele queria libertar-se dela na forma de um sonoro grito
mas ele sabia que não podia
fazer isso

Pois morava em um apartamento
Oh! prisão moderna de expressões sonoras intensas dos tormentos
a noite
Açoite
do interior que quer se exteriorizar
no amâgo do coração que está a se deteriorar

Só restava soltar um grito silencioso
não ouvível mas enormemente suntuoso
Fechou os olhos e o soltou
Na forma de uma poesia sem palavras ele se exteriorizou

Quando o Céu Chorou

Azul
Azul marinho
Tão cheio de si mesmo, sozinho
Em sua imensidão infinita
Tão cheio, tão vazio... Vida?

Estrelas
Estrelas tristes
Estrelas alegres
Outras, sentimentos indizíveis
Ou... de vários elas se vestem?
Brilham, dançam,
encantam, cantam
sem saber... São tão amadas
Mas, iluminadas
Um dia todos os sentimentos
uniram-se... Junção
de paradoxos portentos
sacramentada pelos planetas que cantavam a estrelar canção
As estrelas dançaram
giraram e tocaram
Toda forma existente do sentir
Não tinha como previr
que com tanto sentir
se chegasse a um novo sentimento
o sentimento de todas as coisas
alegrias, ciúmes, alívios, tormentos...
Como se pudesse ser verbalizado
o sentimento, noiva
de toda a parte sentimental dos existires
Amado
Odiado
Até que Vires
a junção das fragilidades inomináveis
das paixões inalcançáveis
dos não-mundos alcançáveis

Oh! As estrelas
conseguiram chegar ao não-existir
Voltaram ao existir
Viveram o acima do pensar
Moraram aonde não se pode estar
Compreenderam o incompreensível
Habitaram o universo de outra dimensão
Foram tomadas pelo concupiscível
Quiseram arrancar o coração
Chegaram ao viver
à razão e à verdade dos sonhos

Mas teve um preço enfadonho
de tanto o beber
as estrelas não aguentaram mais
dores, alegrias... mais...tais...
Tal sentimento em sua plenitude
fortifica degenerando a racional saúde

E, de não poder mais aguentar
as estrelas naquele estado
O céu começou a chorar
Expelindo o fardo

As estrelas caíram nos planetas... Fallen stars!
invisíveis, a brilhar
Deram a cada um
e a cada mundo
que as suspirou, até a moon

Leve ou fundo
deu o acima do raciocinar
o sentir complexo das coisas simples
o inextricável do amar
e a extirpação de todas as lindes
Fez chegar ao celestial
e ao final
cada um chorou
assim como o céu, "aquilo"

Sem perceber, cada um cantou
com o viso
do insustentável
uma melodia inefável
e pensaram que era tudo apenas
um sonho que luziu
sem saber que os ventos da vida trazem e levam penas
de uma constelação de sentires que não se sabe se existiu