sábado, 22 de dezembro de 2012

Realidade alterada


Da batida, o coração.
Da vida, a sensação.
Do sentir, a perdição.
Do porvir, a indagação. 

Da fumaça, o paraíso artificial.
Do ar, o respirar divinal.
Do faça, o descobrir essencial.
Do mar, o canto final. 

Da irrealidade, a realidade.
Do inexistir, o existir.
Da fatalidade, a facada.
Do si, o mi. 

Sobre as areias, a condição humana.
Além da água, a imensidão que emana.
Do amplexo, o torpor envolvente.
Sob as estrelas, o fim sem gente.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Ruptura

Ela sempre soube
que precisava de uma ruptura
Não como se ouve
mas como uma reconstrução de estrutura

Um novo ver
Um novo sentir
Libertação do ser
Transceder. Dó-ré-mi

Apesar de ainda não
ter sua ruptura em completude
Coração
Total romper apenas com o que este alude

A vida em seu ser
raramente é como se imagina
e então veio você
Não sei se por sina
a me dar a imensidão
e a me oferecer a perdição.
A transcendência em experimentação.

E como no último verso
de João e Maria
Talvez eu creci. Transcendi...
Será que foi o último eco
de minha melodia
de garotinha?
Acho que não,
com coração.

Oh! Mas uma ruptura
Uma ruptura aconteceu
no fundo do meu ser, com ternura
e gosto de cinzas e de amanhecer.

terça-feira, 8 de maio de 2012

A argila e o tempo

Somos argilas moldadas
pelas mãos do tempo

Vidas nos dadas...
Sentimentos, memórias, alento...
e o inefável do ser
que é, está, foi, esteve e será
Tão inefável quanto o amar
mas que influxo pode sofrer até do ter

Argila esculpida
pelos dias que correm
pelos ódios, amares e até pelos que morrem ...
Por todos os artesãos da vida
até na forma de suas ironias
alegrias, melancolias, melodias
circunstâncias, fatalidades
infância, situações, amizades
progenitores, atores...
Além de todos os demais etceteras artesãos
Eis o tempo... a junção
de todos os artesãos

Mas por mais
que se molde a argila
ela sempre será argila
que nunca se desfaz
de sua essência
de seu abstrato e o mais
do inverbalizável
da dolência 
do inefável
de estar aqui
de existir
de ser

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Poesia do fim do mundo

O fim do mundo
Destruição
desabar fundo
dilacerando até
as entranhas do coração...

O é não mais é?

Existência limitada
às convenções e possibilidades do social
Esperança de sonhos sepultada
pela harmonia brutal

Desilução
em tudo que ele mais acreditava
Solidão
de razões de viver... Desilusão ladra!

Traição
Bebida amarga
Seu coração
não aguenta mais nada

Ela descobriu
a falta de amor e de amizade
que ela tinha e emitiu
Oh! Facada incandescente de realidade!

Esperar e não viver
Viver a mercê
dos entrelaçamentos
dos dias que correm
Sem acontecimentos
ou arderes que socorrem

Olhos lacrimosos e desesperados
Sua casa, seus sonhos e sua família
Desmoronaram, ao som do chorar sem fim da filha,
da chuva, da terra e dos gritos indignados

Morte
de quem mais amava
Corte
no coração, no viver e na alma

Descoberta
das mentiras saídas de seus lábios
Coberta
feita de lágrimas e aprendizados sábios

Vejo os fins do mundo
dançando a melodia do fim do mundo
Vejo as lágrimas e as lástimas
criarem um um novo rio, um novo mundo

O banco vazio

Há um banco vazio
Em várias maneiras sozinho
Até que o romantismo
senta nele, com a nostagia
com o inefável e o ontologismo
no crepúsculo do dia

Na sua frente
há a construção
Na sua frente
há a continuidade
A sua frente
há a indagação
Se mais para frente
ele continuará na realidade

Ninguém senta nele não
Porque ele está longe
O ontologismo dita o não
ser mais do que é
que ao invés de poética fonte
o faz apenas um banco
não uma imensurável ponte
nem umas amostra do horizonte
... Apenas um banco

O inefável transmite
os aquilos que frutam as palavras
o sentimento inverbalizável dos que sit
no banco, com seus pensamentos, sonhos ou nadas
que estavam sentindo durante ao sentar, ares...
um dia, quem sabe... Sentimentais mares
que paradoxam com a solidão do banco
que agora está sozinho... vazio
com o seu inaudível canto

O romantismo faz
Toda a vida abstrata do banco dançar
... Uma dança que nunca se desfaz
Eterniza os sorrisos, lágrimas e o amar
que o banco conheceu
O faz real, o faz vida, o faz ser...
Ele era perto... Hoje é distante
Mas romantismo, o teu
ver o fará eternecer
como um amigo ou um amante

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Deshumanimemoração


Ângela viu uma memória a despedaçar
correu rapidamente para com fios
de sentimentos a costurar
Ângela não percebeu que as linhas
de seu ser tinham se transformado em fios
e que ela se tornava essa memória
e tudo o que ela tinha
deixava de ter importância
pois sendo memória, sendo lembrança
ela não precisava de comida,
dinheiro ou bebida
precisava apenas da vida
do sentimento petrificado 
do acreditar ali congelado
e de toda aquela sensação inefável
abraçada, sentida, vivida... algo afável
finalmente... sem necessidade de compressão
ou da interferência das razões humanas
impostas, apenas precisando das chamas
do momento
e se perder numa lembrança de sentimento